Distúrbios de Movimento

Grupo heterogêneo de doenças que alteram o controle voluntário dos movimentos corporais, sem afetar diretamente a força muscular; podendo acometer indivíduos em qualquer idade.

Especialidade médica que se dedica ao diagnóstico e tratamento dos distúrbios estruturais do sistema nervoso: cérebro, medula espinal, nervos e músculos. Uma das áreas mais fascinantes da Medicina, em que uma semiologia criteriosa durante o exame clínico é fundamental para um bom desfecho.

A neurocirurgia é a área da medicina especializada no diagnóstico e tratamento das doenças do cérebro, coluna e nervos periféricos. Dentro da neurocirurgia há subespecialidades como neurocirurgia pediátrica, coluna, neuro-oncologia, cérebro-vascular, nervos periféricos, trauma, dor e neurocirurgia funcional. A área da neurocirurgia dedicada ao tratamento cirúrgico dos distúrbios de movimento é a neurocirugia funcional.

Quando um grupo de profissionais clínicos trabalham unidos em prol do diagnóstico, tratamento e recuperação do paciente. Assim, é priorizado um consenso nas decisões de cada intervenção, tornando o atendimento mais qualificado, efetivo e seguro para cada paciente. Englobando atendimento nas seguintes áreas: fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição, psicologia, psiquiatria e terapia ocupacional.

Doenças

Segunda doença neurodegenerativa mais comum na população senil. Caracterizada por tremor de repouso, lentidão motora (bradicinesia), rigidez muscular (enrijecimento dos músculos, sobretudo no nível das articulações) e instabilidade postural. A evolução é insidiosa, e o paciente não necessariamente apresentará os 4 sintomas. É comum associação com sintomas não-motores como: constipação intestinal, problemas para dormir, hiposmia (redução do olfato), sintomas depressivos, dor; os quais podem surgir mesmo antes do comprometimento motor.

Doença do movimento mais comum. Difere da doença de Parkinson por acometer pessoas mais jovens e pelas características do tremor (mais perceptível quando mantém os braços estendidos ou quando realiza movimentos finos com as mãos, como segurar um copo ou escrever). O tremor normalmente cessa quando as mãos e os braços estão completamente relaxados e pode acometer também a cabeça, voz ou outras partes do corpo. O tratamento geralmente é medicamentoso, e em casos graves os pacientes podem se beneficiar da cirurgia de estimulação cerebral profunda (DBS).

É um distúrbio de movimento caracterizado por contrações involuntárias e persistentes, que podem provocar dor, posturas anormais e incapacidades no dia a dia do paciente.
Existem diferentes tipos de distonia, podendo ser focal, quando acomete determinada parte do corpo, como os olhos (blefaroespasmo), a mão (distonia do escrivão ou distonia tarefa-específica), a região cervical, dentre outras. Ou generalizada, quando o tronco do paciente estiver acometido, juntamente com outras regiões.
Em relação às causas, as distonias generalizadas, mais comuns nas crianças e adolescentes, tem relação com mutações genéticas. Enquanto as distonias focais, geralmente de início no adulto, podem apresentar componente genético, mas geralmente são de causa desconhecida. Além disso, o fator causal pode ser outra doença neurológica, como na doença de Wilson ou na doença de Machado-Joseph, uma ataxia cerebelar de caráter hereditário. Alguns medicamentos, como os antipsicóticos, quando usados por longos períodos, também podem ser causa de distonia.
Existem diferentes tratamentos disponíveis: medicamentos por via oral podem ajudar, como benzodiazepínicos e anticolinérigicos. Porém, o tratamento de primeira linha é a aplicação local de toxina botulínica, principalmente nos casos de distonia focal. A cirurgia com implantação do DBS (estimulação cerebral profunda) também é uma terapia disponível e de grande auxilio nos pacientes com distonia generalizada. Vale ressaltar que o tratamento deve ser sempre multidisciplinar, e além do acompanhamento neurológico, o paciente irá se beneficiar de sessões de fisioterapia, fonoterapia e terapia ocupacional.

A espasticidade consiste em um aumento do tônus muscular que ocorre de forma involuntária e faz com que o músculo fique rígido, gerando dor e limitando as atividades do dia a dia. É um dos distúrbios motores mais frequentes e incapacitantes que ocorre em lesões do sistema nervoso.

Ocorre em diversas doenças neurológicas, principalmente como sequela de derrames (acidente vascular cerebral – AVC), traumatismo craniano, traumatismo raquimedular, e esclerose múltipla. Em crianças, a causa mais comum da espasticidade costuma ser a paralisia cerebral.

Existem diversos tipos de tratamentos disponíveis para a espasticidade. Os medicamentos mais utilizados são o baclofeno, diazepam, clonidina, tizanidina, clorpromazina, e também a morfina. Há opções de tratamento por via oral, e também, dependendo do grau de comprometimento muscular, as medicações podem ser administradas diretamente no líquido cefalorraquidiano (liquor) através de bombas de infusão.

O tratamento com toxina botulínica (Botox®, Dysport®, Xeomin®) age diretamente no músculo afetado, resultando no seu relaxamento, melhora dos padrões de movimento, da flexibilidade e amplitude articular. O objetivo do tratamento é reduzir a dor, otimizar a capacidade funcional e com isso buscar melhora da qualidade de vida do paciente. Com eficiência comprovada e poucos efeitos colaterais, a toxina botulínica vem se tornando a principal arma na terapia de reabilitação de pessoas com espasticidade.

A neurorreabilitação, através da fisioterapia, terapia ocupacional, é fundamental em todos os casos, para melhorar a funcionalidade e prevenir um encurtamento permanente.

A Doença de Huntington é uma doença genética e hereditária do sistema nervoso central. Ocorre uma perda significativa de células em uma região do cérebro chamada gânglios da base.

Há uma mutação no gene que codifica a proteína Huntingtina, produzindo-a de forma alterada e assim provocando a morte neuronal em certas regiões do cérebro. Geralmente manifesta-se entre 35 e 55 anos, mas há casos da doença juvenil, que inicia antes dos 20 anos e outros raros de DH infantil, em que se inicia antes dos 10 anos de idade.

A doença pode afetar as capacidades motoras, cognitivas e psiquiátricas. Por se tratar de uma doença com herança genética, filhos de pais com doença de Huntington tem 50% de chance de desenvolvê-la também.

Há diversos estudos em andamento para se chegar à cura da doença ou algum tratamento que evite sua progressão. Por enquanto o tratamento medicamentoso é voltado para os sintomas do paciente, como a coreia, distúrbios de humor e alterações psiquiátricas. Está indicado sempre o tratamento conjunto com reabilitação, através de fisioterapia, terapia ocupacional, fonoterapia e acompanhamento psicológico, visando reduzir a incapacidade e melhorar a qualidade de vida.

A Síndrome de Tourette é um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, aparece no final da infância e início da adolescência, e pode continuar até a vida adulta.

Há uma falha em regiões do cérebro que são responsáveis por controlar os impulsos, sejam eles motores ou não. Por isso o indivíduo possui tiques involuntários, como de piscar o olho, contrair músculos da face e girar os braços, por exemplo. A pessoa não percebe que está fazendo esses movimentos, e isso pode acabar prejudicando sua rotina e até mesmo o aprendizado.

Além da repercussão social, o indivíduo com a síndrome pode ter uma piora da condição em situações de estresse e ansiedade.

É importante ressaltar que ter tiques não significa que a pessoa tenha a Síndrome de Tourette. Ela somente é caracterizada quando existe uma combinação de tiques incontroláveis motores e vocais – sejam eles verbais ou sonoros, como gritos, barulhos com a boca, garganta etc.

Caso o indivíduo comece a manifestar tiques por mais de 1 ano, e que durante este tempo não tenha ficado pelo menos 3 meses sem fazê-los, é indicado procurar um médico neurologista para que seja feito o diagnóstico e tratamento adequado.

O tratamento pode ser feito por meio de psicoterapia, além de medicação para controlar e tratar os impulsos.

Ataxia é um termo que significa desordem ou confusão, e tem sido empregada desde o século XIX caracterizando incoordenação motora.

Os nossos movimentos, desde os mais simples como pegar um copo ou encostar o dedo no nariz, são controlados pelo cerebelo, que fica localizado na região posterior da cabeça.

O cerebelo é responsável pelo equilíbrio e coordenação, ordenando nossos movimentos. Diversos músculos são ativados para desenvolver tarefas simples do dia a dia, portanto, se não há uma ordem de ativação, contração, aceleração e frenagem desses movimentos, podemos ter dificuldades para andar, escrever etc. As ataxias podem ser classificadas em formas cerebelares, sensitivas, frontais, talâmicas e vestibulares.

Dentre as causas de Ataxia Cerebelar, a forma mais comum, temos:

– Infecções virais;
– Hemorragia ou isquemia cerebelar;
– Esclerose múltipla;
– Tumor cerebral;
– Deficiência de vitaminas;
– Drogas e medicamentos;
– Genética.

Os sintomas podem incluir:

– Dificuldade para andar;
– Dificuldade de equilíbrio;
– Movimentos descoordenados do tronco, mãos e/ou pernas;
– Alterações na fala (fala arrastada);
– Movimentos oculares anormais (nistagmo);
– Presença de tremores.

A consulta com o neurologista é fundamental para a definição da causa e direcionamento do tratamento mais adequado. Fisioterapia, terapia ocupacional e medicamentos podem ajudar no controle dos sintomas.

Refere-se a um conjunto de doenças que se apresentam com manifestações clínicas de uma síndrome parkinsoniana (lentidão motora, tremor de repouso, rigidez e instabilidade postural) associada a outros sinais e sintomas distintos da Doença de Parkinson.
Tendem a acometer indivíduos depois dos 50 anos de idade, têm curso progressivo e, na fase inicial, as manifestações clínicas são muitas vezes indistinguíveis da Doença de Parkinson.

O grupo denominado parkinsonismo atípico é constituído pelas seguintes doenças:
1-Paralisia Supranuclear Progressiva– os sintomas mais precoces estão relacionados à marcha e ao equilíbrio, causando quedas frequentes.
2-Atrofia de Múltiplos Sistemas– acomete indivíduos de meia idade (acima dos 40 anos); desequilíbrio para caminhar é marcante associado à disautonomia (alterações bruscas de pressão arterial, disfunção erétil, incontinência urinária).
3-Degeneração Corticobasal– parkinsonismo associado a distonias focais, demência e “fenômeno da mão alienígena” (sensação de perda da percepção do membro associada à levitação espontânea do braço).
4-Demência com Corpos de Lewy– demência antecedendo o aparecimento do parkinsonismo, alucinações visuais frequentes e flutuação dos sintomas ao longo do dia.